Wednesday, April 13, 2011

CIMEIRA BRIC 14 E 15 DE ABRIL DE 2011

Os BRIC têm vindo a estabelecer relações entre si, especialmente em matéria de cooperação e questões económicas, de modo muito pragmático, desde 2006, quando ocorreu o primeiro encontro entre os líderes dos BRIC em Nova Iorque. Mas é de fundamental importância observar que, paralelamente a estes esforços, os BRIC venham, já, a estabelecer contactos entre si ao mais alto nível, através de cimeiras que têm realizado. Assim, ocorreu, em Moscovo, em Maio de 2008, a primeira reunião formal entre os Quatro, visando criar as condições de coordenação quadrilateral que lhes permita adquirir peso e relevância nas decisões internacionais e, simultaneamente, contribuir para a estruturação de um sistema internacional democrático e multilateral, fundado sobre o direito.
Em Junho de 2009, os líderes dos Quatro voltaram a encontrar-se, em Yekaterinburg, cidade da Rússia Central, onde assinaram uma Declaração Conjunta clarificando as visões dos BRIC relativamente às questões internacionais, e tendo, ainda, assinado um acordo sobre a segurança alimentar global (WEI, 2009) e criado o logotipo dos BRIC. Neste encontro, abordaram-se a cooperação na economia global, a cooperação energética, a reforma do FMI e o apoio que estes países estão dispostos a dar aos países mais pobres, designadamente o Brasil, com Lula a afirmar que contribuiria com 10 milhões de Dólares para o FMI, o que é algo de novo, uma vez que o Brasil foi, tradicionalmente, um consumidor do FMI e agora oferece ajuda. Foram ainda abordadas as questões da multipolaridade, do multilateralismo, do processo do G20 e das reservas cambiais globais.
No âmbito das cimeiras anuais que estes países têm procurado estabelecer entre si, o Brasil foi o anfitrião da de 2010, dominada pelas questões regionais e pela crise mundial, que decorreu a 15 de Abril, às vésperas da Cimeira do G3 – Ibas, procurando dar continuidade às negociações iniciadas em 2009 para institucionalizar formalmente este grupo de países.
A Cimeira de 2011, será realizada em Hainan, cidade do Sul da China, entre 14 e 15 de Abril, e confirmará a inclusão da África do Sul ao grupo, conforme havia sido proposto em Dezembro de 2010, passando a chamar-se BRICS, já que, embora a África do Sul tenha uma economia significativamente mais pequena que a dos parceiros, é de longe a maior economia africana e uma voz cada vez mais audível nos organismos internacionais, como o Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde ocupa, desde 1 de Janeiro de 2011, até 31 de Dezembro de 2012 um assento não permanente , o G20 e o Fórum Económico Mundial.
Nesta Cimeira, a África do Sul defenderá mais valor acrescentado nos minérios explorados no seu continente, uma vez que o crescimento da procura mundial de recursos naturais, particularmente de matérias-primas, muito abundantes no continente africano e cujos preços estão hoje em alta no mercado mundial, tem feito com que Pretória dê grande prioridade à beneficiação dos minérios antes deles serem exportados; tema que tem estado no topo das prioridades da agenda político-económica sul-africana, levando o país a aproveitar a sua estreia no BRICS para defender a questão.
Mas mais do que isso, a Cimeira BRICS de 2011 será marcada pela defesa, suscitada pelo Brasil, do uso de uma moeda própria nas trocas comerciais entre os países BRICS. A ideia do ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, é a de utilizar o DES – títulos emitidos pelo FMI, baseados no Dólar, Euro, Iene e Libra, com a incorporação do Real e do Yuan – como uma espécie de moeda comum para o comércio mundial. Não é de espantar que o Brasil tenha levantado essa questão, pois o país tem estado muito preocupado em evitar uma guerra cambial e o consequente risco de um proteccionismo comercial e de restrições para o livre fluxo de capitais, já que, segundo Guido Mantega, enquanto alguns países mantêm as suas moedas desvalorizadas, designadamente a China, outros, como o Brasil, registam fortes valorizações – estando o Real hoje, no maior valor em relação Dólar desde 2008 – prejudicando as suas economias.

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