Wednesday, April 20, 2011

Entrevista Colectiva de Dilma Rousseff na China

Vale a pena ver e ler a crítica


http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=QkSvCvQ7h3I

O Plano Germânico Para a América do Sul Lembrado por Erico Veríssimo

Na sua saga sobre a família Terra-Cambará, em "O Tempo e o Vento", Erico Veríssimo, por entre belas descrições e ficções em torno da figura de Getúlio Vargas e respectivo período histórico, fala da Acção Integralista Brasileira e de como os fascistas e nazis ganhavam peso no Rio Grande do Sul em vésperas da Segunda Guerra Mundial. Lembra, mesmo, a esse respeito, o velho plano pan-germânico que abrangia o Brasil e que muitos teuto-brasileiros defendiam, em prol da causa nazi, única força capaz de dominar e controlar o perigo comunista. A certa altura, Veríssimo lembra, mesmo, o Professor Wilhelm Sievers (1860-1921), da Universidade de Giessen, e sua obra “Sudamerika und die Deutschen interessen” (A América do Sul e os Interesses Alemães), na qual defende a tese de que a Alemanha deveria colocar, sob seu protectorado, todos os países sul-americanos. Em termos mais precisos, o projecto alemão do período 1933-1945 envolvia o Sul do Brasil, a Argentina, o Uruguai, o Paraguai e parte da Bolívia.
Existem muitos mistérios em torno da história da colonização alemã nessa região, sendo praticamente certo que a questão remonta a 1740, com Frederico II. O interessante é verificar que Sievers chegou a afirmar, na obra já citada, de 1903, que "O império alemão, para assegurar a sua posição, ameaçada, de potência dominante no mundo, necessita adquirir influência onde ainda é possível encontrá-la, isto é, na América do Sul. Não, porém, sob a forma de anexação, como foi o caso de Kiar Tcheau, pois suscitaria inimizades e reacções locais, mas sim através da ajuda económica, industrial e, mesmo, militar, se necessário".
É esse, igualmente, o pensamento de Joseph Ludwig Reimer (1879-1955), que acrescenta, na sua obra “Einpangermanisches Deutschland” (pan-Germanização da Alemanha), publicada apenas dois anos depois: "Não temos por que imaginar que a entrada da força e do capital alemão seria mal recebida pelos Estados sul-americanos. Os mais discretos acolheriam com regozijo tal cooperação moral e material por verem nela um apoio contra seu inimigo natural, os Estados Unidos".
Dá a sensação que, à época, existia a possibilidade de a América do Sul ser dividia em dois grandes blocos, nos quais a Alemanha e os Estados Unidos definiriam o respectivo poder, controlando politicamente a região de predominância, incluindo o controlo militar e o económico. Como se a região não tivesse vontades distintas e esse pan-germanismo fosse dominante, coisa que não era seguramente. Tanto que, no Brasil, a Acção Integralista teve limitados apoios, ainda que muito importantes, antes e durante a Segunda Guerra Mundial. Apenas para relembrar.

Wednesday, April 13, 2011

CIMEIRA BRIC 14 E 15 DE ABRIL DE 2011

Os BRIC têm vindo a estabelecer relações entre si, especialmente em matéria de cooperação e questões económicas, de modo muito pragmático, desde 2006, quando ocorreu o primeiro encontro entre os líderes dos BRIC em Nova Iorque. Mas é de fundamental importância observar que, paralelamente a estes esforços, os BRIC venham, já, a estabelecer contactos entre si ao mais alto nível, através de cimeiras que têm realizado. Assim, ocorreu, em Moscovo, em Maio de 2008, a primeira reunião formal entre os Quatro, visando criar as condições de coordenação quadrilateral que lhes permita adquirir peso e relevância nas decisões internacionais e, simultaneamente, contribuir para a estruturação de um sistema internacional democrático e multilateral, fundado sobre o direito.
Em Junho de 2009, os líderes dos Quatro voltaram a encontrar-se, em Yekaterinburg, cidade da Rússia Central, onde assinaram uma Declaração Conjunta clarificando as visões dos BRIC relativamente às questões internacionais, e tendo, ainda, assinado um acordo sobre a segurança alimentar global (WEI, 2009) e criado o logotipo dos BRIC. Neste encontro, abordaram-se a cooperação na economia global, a cooperação energética, a reforma do FMI e o apoio que estes países estão dispostos a dar aos países mais pobres, designadamente o Brasil, com Lula a afirmar que contribuiria com 10 milhões de Dólares para o FMI, o que é algo de novo, uma vez que o Brasil foi, tradicionalmente, um consumidor do FMI e agora oferece ajuda. Foram ainda abordadas as questões da multipolaridade, do multilateralismo, do processo do G20 e das reservas cambiais globais.
No âmbito das cimeiras anuais que estes países têm procurado estabelecer entre si, o Brasil foi o anfitrião da de 2010, dominada pelas questões regionais e pela crise mundial, que decorreu a 15 de Abril, às vésperas da Cimeira do G3 – Ibas, procurando dar continuidade às negociações iniciadas em 2009 para institucionalizar formalmente este grupo de países.
A Cimeira de 2011, será realizada em Hainan, cidade do Sul da China, entre 14 e 15 de Abril, e confirmará a inclusão da África do Sul ao grupo, conforme havia sido proposto em Dezembro de 2010, passando a chamar-se BRICS, já que, embora a África do Sul tenha uma economia significativamente mais pequena que a dos parceiros, é de longe a maior economia africana e uma voz cada vez mais audível nos organismos internacionais, como o Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde ocupa, desde 1 de Janeiro de 2011, até 31 de Dezembro de 2012 um assento não permanente , o G20 e o Fórum Económico Mundial.
Nesta Cimeira, a África do Sul defenderá mais valor acrescentado nos minérios explorados no seu continente, uma vez que o crescimento da procura mundial de recursos naturais, particularmente de matérias-primas, muito abundantes no continente africano e cujos preços estão hoje em alta no mercado mundial, tem feito com que Pretória dê grande prioridade à beneficiação dos minérios antes deles serem exportados; tema que tem estado no topo das prioridades da agenda político-económica sul-africana, levando o país a aproveitar a sua estreia no BRICS para defender a questão.
Mas mais do que isso, a Cimeira BRICS de 2011 será marcada pela defesa, suscitada pelo Brasil, do uso de uma moeda própria nas trocas comerciais entre os países BRICS. A ideia do ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, é a de utilizar o DES – títulos emitidos pelo FMI, baseados no Dólar, Euro, Iene e Libra, com a incorporação do Real e do Yuan – como uma espécie de moeda comum para o comércio mundial. Não é de espantar que o Brasil tenha levantado essa questão, pois o país tem estado muito preocupado em evitar uma guerra cambial e o consequente risco de um proteccionismo comercial e de restrições para o livre fluxo de capitais, já que, segundo Guido Mantega, enquanto alguns países mantêm as suas moedas desvalorizadas, designadamente a China, outros, como o Brasil, registam fortes valorizações – estando o Real hoje, no maior valor em relação Dólar desde 2008 – prejudicando as suas economias.