Tuesday, May 24, 2011
Mudança da Política Externa Brasileira?
A política externa do Brasil pode estar a mudar com Dilma e Patriota. O Brasil corrigiu a política externa para o Irão, já que Dilma Rousseff, empossada a 1 de Janeiro de 2011, afirmou logo, publicamente, que a política de Lula frente ao Irão foi um erro. Neste sentido, no final de Maio de 2011, o Brasil votou favoravelmente a resolução do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas que instituiu um relator especial para investigar as violações dos Direitos Humanos no Irão. Ainda assim, o governo anterior, através de Celso Amorim, disse não considerar tratar-se de uma mudança da política externa brasileira, uma vez que o governo Lula sempre defendeu, de igual modo, os Direitos Humanos. Simplesmente, o Brasil de Lula-Amorim teve de decidir num momento diferente daquele em que decidiu o Brasil de Dilma-Patriota. Em entrevista à revista Caros Amigos, depois de outra dada à Carta Capital, ambas de Maio de 2011, Celso Amorim afirmou: “não acho que seja uma mudança radical na política externa como a mídia tem dito, até porque, volto a dizer, direitos humanos fizeram, sim, parte da nossa agenda, não só dos discursos, como também das acções. Dizer que os direitos humanos estão no centro da agenda hoje e não estavam antes não é verdade, apenas é diferente a maneira que achávamos que devíamos usar para alcançar esses objectivos. Em segundo lugar, não acho correcto dizer que o voto não era importante, porque o Brasil também recebe relatores, porque uma coisa é um relator temático que o Brasil e outros países recebem efectivamente, outra é um relator especial criado para o país. Só existem oito países que são objecto de um relator especial, e, se formos olhar o número de países que viola direitos humanos no mundo – não digo nem os que violam de maneira ocasional, mas os que violam sistematicamente – encontraremos, pelo menos, 40 ou 50. Então, é um processo altamente selectivo que tem a ver com objectivos políticos de potências. Essa era a avaliação do governo anterior. Mas volto a dizer que cada momento é um momento. Estivemos envolvidos em outros esforços em relação ao Irã, que diz respeito à área nuclear. Isso, no momento, não está ocorrendo, então, as situações mudam. Nosso objectivo, entre outros, era consolidar a paz e evitar uma situação de guerra em que os direitos humanos acabam sendo pisoteados de maneira muito mais violenta. Basta ver o que aconteceu no Iraque, o que está acontecendo na Líbia. Essa é minha avaliação pessoal, mas respeito muito a avaliação que tem sido feita pelas pessoas que tiveram que pensar nisso no momento”. Em outra passagem da mesma entrevista, Amorim refere: “Com os elementos que eu tinha no governo anterior, eu acho que talvez não tivesse votado dessa maneira porque isso dificulta o esforço de persuasão para que o Irão melhore algumas políticas. Quando se assume uma atitude de condenação aberta, que pode até justificar-se do ponto de vista moral, isso às vezes não é eficaz para obter os resultados práticos que se pretendem, que é a melhora da vida das pessoas. A política, como já dizia Max Weber, é diferente da religião; o objectivo do santo é ir para o paraíso, e do político é obter resultados práticos. De preferência, moralmente válidos também, mas práticos, não apenas teóricos. Mas volto a dizer que cada momento é um momento, que está sujeito a uma avaliação de factores internos e internacionais, e eu não tenho condições de fazer a avaliação, porque eu não estou no governo neste momento”.
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